ARTIGO
Família, mulher e religiosidade na
obra Brumas do Tempo de Yaciara Nara
Marcos "Marrom"da Silva Santana[1]
Antes de julgar a minha vida ou o meu
caráter,
calce os meus sapatos e percorra o
caminho que eu percorri,
viva as minhas tristezas, as minhas
dúvidas e as minhas alegrias.
Percorra os anos que eu percorri, tropece
onde eu tropecei
e levante-se assim como eu fiz. (Clarice
Lispector)
Resumo: O presente
artigo trata-se de um estudo direcionado à artista e artesã Dirce Leite,
conhecida como Yaciara Nara, visando um entendimento sobre a figura feminina a
e representação que esta configura em suas obras, em especial, as Brumas do Tempo. Foram levados em
consideração os aspectos da literatura goiana e a sua contribuição nos
processos criativos da autora. Desta forma, a pesquisa direciona-se para uma
verificação das experimentações gravadas em vídeo e de entrevista com a
escritora e alguns escritores goianos. São apontados e avaliados os elementos
da arte literária e, dentre esses, foram observadas as questões da
familiaridade, da feminilidade e da religiosidade. Por último, foram traçadas
as considerações sobre os pontos mais relevantes da obra. Para tanto,
utilizar-se-ão referências teóricas como Nísia Floresta, Mendonça
Teles, Herbert Marder, Maria das Graças Belov, Yaciara Nara.
Palavras-chaves:
Mulher, família, Literatura Goiana, religiosidade.
Introdução
O presente artigo trata-se de uma pesquisa bibliográfica
sobre a vida e obra de Dirce Leite Ferreira, cujo pseudônimo é Yaciara Nara.
Natural de Anápolis, Goiás, filha de Osvaldo Leite e Maria Augusta Leite Lemos e filhos viveram um tempo em
Uberaba (MG) e Barretos (SP). Yaciara e seus irmão ficaram órfãos de pai quando
moravam no estado mineiro. Ela só retornou a Goiás após seu casamento, foi
quando começou a escrever, é conhecida como escritora e artesã.
Como escritora,
elaborou uma obra simples em sua estrutura e em seu conteúdo, mas uma criação genuína de sua
realidade, sua vida é representada na figura de "Jandira", personagem
principal que conta a história de Yaciara e sua família. Sua obra, denominada Brumas do Tempo é recheada de história
de vida, relatos de importantes acontecimentos em Goiás, como por exemplo, o
Césio, a Segunda Guerra Mundial, encontro de sua mãe com Cora Coralina.
A obra está dividida em pequenos textos (atos), cada ato
aborda um trecho de sua vida e dos costumes da época em que escreveu. Traz em
seu cerne uma descrição rica de detalhes sobre a cultura goiana, até mesmo as
falas dos personagens são fiéis à forma de falar do povo goiano. De certa
forma, por seus relatos, pode-se entender um pouco como era o comportamento da
sociedade, as crenças e a dificuldade que as mulheres enfrentavam para serem
reconhecidas socialmente.
Brumas do Tempo é, portanto, o retrato da história
da família da autora, das desilusões, sofrimentos e dos bons momentos, uma
mistura real e fenomenal, cheia de mistérios que remete o leitor ao tempo e ao
conhecimento do que se passou nessa trajetória descrita.
Em primeira instância, para o desenvolvimento deste
trabalho, é traçado um breve panorama da conquista político social da mulher,
as dificuldades que enfrentaram, a desvalorização da mulher e a forma como tudo
foi se transformando, mesmo que a "passos lentos." Essa temática foi
levantada com a finalidade de refletir sobre o papel da mulher no mundo, sua
inserção na literatura e pelo fato da
feminilidade estar tão presente na obra de Yaciara Nara. Em seguida, é feita
uma abordagem sobre a ocupação da mulher
na literatura goiana. As dificuldades e certeza de que tudo ocorreu de forma
desbravadora.
Por fim, o foco volta-se para a autora, um breve relato
sobre sua vida, e uma análise da obra Brumas
do Tempo, levando em consideração os aspectos da religiosidade, espiritualidade
e do universo feminino apontados nesta. Portanto, a pesquisa trata de uma
imersão no universo da escritora Yaciara Nara, uma tentativa de relacionar seus
relatos com os aspectos sociais da época.
1. Um pouco sobre a "Mulher”:
breves apontamentos
Ao longo da história da humanidade, a mulher percorreu por
duras realidades, com relatos de sofrimento, discriminação, abuso, humilhação,
desafios, derrotas, mas, também, de vitórias e inúmeras conquistas. Entretanto,
a contemporaneidade da mulher já nos remete a outro viés, antes indefesa, voz
minoritária e submissa, hoje, independente, capaz e com um poder de
representatividade imensurável, com potencial assim como qualquer sujeito
dotado de direitos e deveres.
É facilmente possível identificar as conquistas e perceber a
ampla participação e evolução democrática da mulher em todos os campos sociais,
como por exemplo: político, profissional, familiar e intelectual. Porém, apesar
de tudo, a realidade feminina ainda se mostra cerceada pelos reflexos das bases
opressoras da sociedade, pois se observa um contexto bastante desfavorável para
muitas mulheres, que, em muitos casos, recebem um salário inferior ao do homem,
possuindo em alguns trabalhos uma carga horária superior a dele entre outros.
No seio familiar, a mulher ocupou por muito tempo o cargo de
procriação, responsável por cuidar dos filhos e pelos afazeres domésticos.
Assim, ela ficou afastada da esfera econômica, social e política, sendo omissa
no contexto do casamento e na família, ou seja, era anulada. Inicialmente,
ficava sob a submissão dos pais e, em seguida dos maridos. Os casamentos eram
arranjados e a mulher era um ser sem expressão. Somente a partir da Constituição
de 1824 é que surgem as primeiras escolas das quais a mulher começa ter um formação
básica. Segundo Floresta (1989, p. 153)
A
primeira legislação autorizando a abertura de escolas públicas femininas data
de 1827, e até então as opções eram uns poucos conventos, que guardavam as
meninas para o casamento, raras escolas particulares nas casas das professoras,
ou o ensino individualizado, todos se ocupando apenas com as prendas
domésticas. E foram aquelas primeiras (e poucas) mulheres que tiveram uma
educação diferenciada, que tomaram para si a tarefa de estender as benesses do
conhecimento às demais companheiras, e abriram escolas, publicaram livros, enfrentaram
a opinião corrente que dizia que mulher não necessitava saber ler nem escrever.
Os pequenos movimentos foram criando formas mais elaboradas
e abrangendo um público maior. E dessas manifestações foram surgindo grandes
personalidades do sexo feminino em muitas áreas, mas nos deteremos aqui, em
específico, na literatura e sua representatividade feminina. Dentro desse
contexto, é válido considerar a participação da escritora Nísia Floresta
Brasileira Augusta (1810-1885), como uma das pioneiras a publicar textos em
jornais. Sua primeira obra foi Direitos
das mulheres e injustiça dos homens que aborda sobre o direito da mulher ao
conhecimento. Para Soihet (1989, p. 178)
Em
1920, dá os seus primeiros passos um movimento de mulheres proeminentes,
literatas, vinculadas à elite, com educação superior que queriam emancipação
econômica, intelectual e política. Estas conseguiram vitórias em terrenos como
o trabalho feminino, a saúde, educação e direitos políticos, garantindo a
cidadania para a mulher.
A mulher, desde então, desperta para a necessidade de
instrução como ferramenta de conquista social. Somente em 3 de maio de 1933, a
mulher brasileira, pela primeira vez, em âmbito nacional, votou e foi votada,
sendo, posteriormente, suspenso direito e só retomando-o em 1945. Assim, afirma
Floresta (1989, p. 162)
Apenas
em 1932, Getúlio Vargas cede aos apelos e incorpora ao novo Código Eleitoral o
direito de voto à mulher, nas mesmas condições que aos homens, excluindo os
analfabetos; e o Brasil passava a ser o quarto país nas Américas, ao lado do
Canadá, Estados Unidos e Equador, a conceder o voto às mulheres. Mas a alegria
durou pouco: Vargas decide suspender as eleições e as mulheres só vão exercer o
direito conquistado na disputa eleitoral de 1945.
Diante disso, a mulher ficou à mercê dos acontecimentos
políticos, esperando que esses voltassem a seu favor, mas através dos
movimentos feministas, sua imagem na sociedade acaba mudando. O mercado
de trabalho abre espaço, ainda que em desvantagem no reconhecimento em
comparação ao homem, a mulher começa a cultivar seu futuro.
Com a inserção no mercado de trabalho, com o progresso das
mulheres, surge a necessidade de refletir sobre os modelos jurídicos elaborados
pelo estado para regulamentar as relações de trabalho da mulher. Contudo, vale
salientar que essa abertura possibilitou seu desenvolvimento não só nas
questões trabalhistas e sociais, mas também provocou um grande expansão das
suas contribuições no campo artístico e literário, como no caso da obra de
Yaciara em questão.
Tomamos como referência para esse estudo, as conquistas nos
campos da literatura que muitas mulheres conseguiram, excepcionalmente, às da
escritora goiana Dirce Leite. Sua obra Brumas
do Tempo abarca uma linguagem característica de seu universo, um resgate de
suas lembranças que surge da necessidade de externalizar para o mundo o
pensamento da mulher goiana, uma vez que a linguagem escrita não pode ser
confundida com a falada, o que torna imprescindível a leitura da obra. Para esclarecer melhor como foi a
participação de Yaciara Nara na literatura goiana, abordaremos a seguir a
inserção da figura feminina na literatura goiana.
1.1. Mulher e literatura - Goiás
De acordo com Duarte
(2003), a literatura no Brasil, como revelação de uma atividade de bases
evidentemente nacionalistas, inicia-se no século XIX, atraindo mulheres para
expandir as possibilidades de exibirem seus talentos fora dos seus afazeres
domésticos. As conquistas no campo da literatura vêm trazendo pesquisas e
compreensão mais aprofundadas, podemos perceber que a mulher foi sempre o
objeto da literatura, a mulher sofrida e que sempre é a causa dos conflitos,
mas hoje ela se transformou na personalidade da primeira pessoa sendo o sujeito
da nova literatura, mas mesmo assim cita a doutora Cristina Stevens (2014) na
Bienal de Brasília “que a mulher ainda tem pouca expressividade no
que é produzido no Brasil”.
Segundo pesquisas realizadas na Universidade de Brasília Segundo
pesquisas realizadas na Universidade de Brasília pela pesquisadora Dalcastagnè
– que se debruçam sobre todos os romances publicados pelas principais editoras
brasileiras da área (Companhia das Letras, Record e Rocco) nos últimos 15 anos
– as autoras não chegam a 30% do total de escritores editados. O que se
reflete, também, na subrepresentação das mulheres como personagens em nossa
ficção. As mesmas pesquisas mostram que menos de 40% das personagens são do
sexo feminino. Além de serem minoritárias nos romances, as mulheres também têm
menos acesso à “voz”, isto é, à posição de narradoras, e estão menos presentes
como protagonistas das histórias. Um fato bastante conhecido da literatura é a
timidez da fala feminina ou sua tendência ao silêncio público, o que contribui
para sua invisibilidade. A experiência feminina no espaço social faz com que a
mulher se “especialize” na fala doméstica e interpessoal e tenha dificuldade em
dominar a fala pública e impessoal.
Ainda sobre esse aspecto, o escritor baiano, Geraldo Pereira,
que vive a muitos anos em Goiânia, em uma entrevista, no ano de 2013, na
pesquisa recente realizada por ele e registrada no seu livro Pescando versos graúdos em águas goianas
de 2009, declarou que a contingência de poetas do sexo masculino tem maior número
de publicações. Sendo 246 autores para 89 autoras. O que resume a dificuldade
que a mulher teve para ter acesso a níveis de igualdade na literatura de Goiás.
Segundo Telles (1995), a ascensão da mulher aos quadros
sociais e às atividades intelectuais em Goiás, se ampliaram só a partir de
1900. Ela não só teve participação na publicação em jornais, mas também se
promoveu com grandes obras que lhes proporcionaram posição e respeito. E não há
quem desconheça em Goiás nomes como Leodegária de Jesus, Cora Coralina, Regina
Lacerda, Rosarita Freury, Heloísa Helena, Augusta Faro, Yêda Schmaltz e Yaciara
Nara.
Ainda de acordo com Telles (1995) no Estado goiano, o
jornalismo surge com o jornal Matutina-Meiapontese em Pirenópolis, nos meados
de 1830, mas só a partir de 1869, a província literária, sob a direção de Felix
de Bulhões, tem sua ascensão. Já no século XX, com as grandes lutas de
personagens femininas, deu-se o aparecimento da Academia de Direito, em 1903, e
da Academia de Letras na cidade de Vila Boa, Goiás, no ano de 1904.
As autoras goianas não desistiram e continuaram lutando.
Organizaram, em 1907, o Jornal Literário “A Rosa”, redigido por Rosa
Godinho, Alice Santana, Leodegária de Jesus, e Ana Lins do Guimarães. Com a
direção de Josias Santana e Heitor de Morais Fleury, “A Rosa” era um jornal que
surge para suprir os pensamentos das mulheres falando do universo
feminino em Goiás. O curioso é que as folhas eram rosas. E a maior parte dos
livros desta época tiveram nomes de flores.
Percebe-se assim que a sensibilidade feminina começa a tecer
os livros de nossa história, segundo a escritora Nazareth (2013), Presidente da
Academia de Letras de Santo Antônio de Goiás, em uma entrevista concedida a
esta pesquisa, foi relatado que “A mulher, por si só, é um ser sensível por
natureza. Então se faz poeta”. Também o
teórico Herbert Marder (1975), estudioso de Virginia Woolf, do livro Feminismo e Arte, não concorda com a
questão da igualdade de homens e mulheres, no sentido de perceber algumas ideias e características que são próprias e pessoais
das mulheres, como a questão da sensibilidade mais aflorada dentre outras que
são específicas do universo feminino.
Marder (1975) explora os estudos de Woolf, escritora
britânica e uma das mais influentes do Modernismo. No seu livro, pauta que não
se restringe os direitos das mulheres, mas o equilíbrio no qual os elementos
masculinos e femininos integram-se na personalidade, pautado na ideia de que alguns artistas poderiam ser chamados de “andróginos”, pois
são capazes de pensar e escrever como se fossem homens, mas pensando e
compreendendo como mulheres, com a
capacidade de ver e compreender a sexualidade e o todo.
Porém, na literatura goiana, especificamente, na obra de
Yaciara, quando a escritora insere a mulher no seu romance, o que podemos
observar é que esta, retrata melhor o universo feminino e tem mais propriedade
para falar das experiências e vivências típicas do sexo com mais domínio.
Podemos observar que um dos traços femininos implícitos é o fato de colocar em
primeiro plano, excepcionalmente, os personagens femininos e focar a atenção
para a sensibilidade e para os sentidos mais valentes de uma mulher.
Em sua obra, a sensibilidade e a força são características
que contrastam e formam a personalidade da mulher representada. O centro de sua
pesquisa é a essência feminina, a sua essência como mulher, por isso, o objeto
principal de sua literatura é o olhar distanciado (olhar de fora) de sua
própria existência.
Enfim, as lutas constantes e o movimento feminista
influenciaram de forma positiva na inserção da mulher em várias instâncias
político-sociais. Essas conquistas reverberaram também no campo literário em
todo o Brasil e, consequentemente, chegou a Goiás. Embora ainda se apresentar
um pouco tímida, a literatura feminina vem se fortalecendo e ganhando espaço no
estado goiano. Enquanto por muito tempo a participação da mulher foi
discriminatória, hoje, se dedica a pesquisas e estudos sobre o universo da
mulher, a fim de entender e reconhecer o seu valor como parte da cultura.
Seguimos, no próximo item com a análise da obra Brumas do Tempo da referida autora goiana, Dirce Leite (Yaciara
Nara), na tentativa de entender seu universo e sua contribuição para a cultura
goiana.
2. Névoas da literatura
Pode -se dizer que Goiás tem uma riqueza de grandes
escritores, mas pouco se fala dela, e é
por isso que o Estado vive na névoa da literatura nacional. Em minhas
pesquisas, pude observar, por exemplo, que há pouca fonte sobre a autora a qual
escolhi para análise.
Yaciara Nara é o pseudônimo de Dirce Leite Ferreira, que também passa ser a
narradora do livro, cuja naturalidade é de Anápolis, interior do Estado de
Goiás, nascida no dia 4 de outubro de 1934.
Ao longo dos anos, ficou conhecida na grande capital goiana,
através da confecção de produtos variados, como: bolsas de palha, bordados,
doces artísticos, casinhas de porcelana fria, colagem, casinhas ecológicas
com reciclagem de material do cerrado, pintura em telhas e quadrinhos
com fibra de coqueiro. Mas,
foi depois de se separar do seu marido, que fez da dor a fonte de inspiração,
para as primeiras palavras. Fato que pode ser claramente observado no
trecho que segue: “Henrique começou a agir de modo estranho transparecer frieza
em relação a esposa... Aquela situação seguiu assustadora e por fim, veio a
separação”. (NARA, 1992, p. 49).
Yaciara, em uma
entrevista, conta que quando começou a escrever estava em sua casa "Foi às 3 horas da madrugada do
dia 17 de março de 1981, numa chácara nas redondezas de Goiânia, em que me
encontrava para me refugiar da crise conjugal. Foi um dia inesquecível”, alega.
Ela afirma que foi motivada por meio de um sonho, onde viu uma portuguesa à beira de um riacho com
um balaio de onde saíam pontas de roupas coloridas. A portuguesa, uma moça
jovem, recitou: "Caí com o balaio / Quebrei o tamanco / Mas continuei /
Vestida de branco". No sonho, Yaciara e a portuguesa conversaram, a
portuguesa apresentou-se dizendo ser um espírito desencarnado, cujo nome era
Maria de Souza Alves e que morava em Algarve. (NARA, 1992).
Com o passar do tempo, a escritora passa a narrar sua
própria história, as vivências em família, apontando seu modo de viver, sua
cultura, suas experiências. “Enquanto Henrique ia trabalhar no escritório,
Jandira lavava as roupas da família e passava com ferro de brasa e a noite, nem
dava para bordar ou ler, pois a luz era fraca demais, parecia tomate maduro”.
(NARA, 1992, p. 27)
Os personagens materializam-se através de pessoas que
Yaciara conviveu. Vai pontuando alguns momentos marcantes que os personagens,
Esmeralda e Jacinto passaram até o nascimento da filha, Jandira, a qual é a personagem que representa a
escritora Yaciara. Como trata-se de uma obra autobiográfica, foram utilizados
pseudônimos para não colocar os nomes reais.
Na literatura de Dirce Leite, pode-se observar que a mulher
é a personagem principal, e Jandira apresenta-se com um espelho de sua vida.
A autora relata ainda em seu livro, onde, quem, e como viveu. Com isso,
descreve como eram o comportamento e a cultura da época, como viviam as
mulheres de seu tempo e seus anseios para o futuro.
"Brumas do Tempo” é o terceiro livro de autoria de
Yaciara Nara. O seu título nos indica um sentido de mistério, névoa, sombra que
nos remete à subjetividade, à imersão, ao resgate da memória. Assim, são 97
páginas ligadas ao universo da lembrança, pois a escritora trabalha na sua
novela biográfica, um olhar voltado para o feminino e não para o feminista. A
sua atenção volta-se para o sensível, para as características essenciais da
mulher, de suas aspirações, medos, e sobretudo de sua força para suportar as
imposições sociais e familiares.
Enquanto mantinha um casamento forçado com seu primo, a sua
obrigação era especificamente com os deveres
domésticos. Quando seu marido a deixa, ela se vê obrigada a buscar alternativas
de sobrevivência, fato que a liberta para o conhecimento, ela torna-se uma
mulher livre para realizar seus desejos. “Quero minha liberdade” ser livre como
pássaros! Não há liberdade plena, até os pássaros tem seus limites. Nascemos
presos ao umbigo, que foi o intermediário da vida, num corpo de mulher”. (NARA,
1992, p.72)
O patriarcalismo é muito forte no início do livro, são
personagens criados com base em seu convívio familiar. O livro é dividido em 48
capítulos e cada um pode ser lido como contos autônomos, e ambos trazem temas
relacionados ao tempo. Os primeiros
capítulos apresentam a trajetória da mudança, em que a família sai do mundo
rural para entrar no urbanizado.
No primeiro capítulo,
ela nos conta sobre o casamento de seus pais, que aconteceu em Anápolis,
Goiás, no ano de 1926, em que Jacinto (nome fictício de Osvaldo, pai de
Yaciara) ganha uma parte da fazenda, por nome de Lagoa Formosa. Naquele tempo,
os latifundiários casavam suas filhas com parentes próximos para que a fortuna
não fosse dividida, e sim somada. Em entrevista realizada com a autora, em
2013, ela relata que:
Eles
eram primos primeiros, casados em família para não dividir a riqueza, ainda
bem que deu certo, não saiu nenhum retardado. Oswaldo o nome
fictício ficou Jacinto e da mamãe Esmeralda, Jacinto o nome veio de cabeça,
Esmeralda é uma peça muito preciosa, o verde tem muita esperança foi aí que deu
a origem...
Considerando que a escritora no seu âmbito da criação, traz
na sua produção, modos sensíveis e particulares. Ela foge da complexidade
estrutural da narrativa, em que tece desde o sertanejo até o urbano em um
crescimento cronológico no seu romance. Yaciara busca na história duas forças
opostas e contraditórias, e isso gera no sujeito conflito, viver a vida ou
salvar a alma. Nesse aspecto, percebe -se a influência da religiosidade em seu
modo de vida e, consequentemente, em sua obra.
Na obra Brumas do
Tempo, a história é de uma família que tem como personagem principal, a
Jandira, uma personagem que desde criança, passa por muitas situações drásticas
e de sofrimento como a morte do avô, da avó, da mãe, e sobretudo, percebe
também a morte de costumes antigos com a chegada da modernidade. Ela alega que esse sofrimento a fez mais forte e
determinada.
Narra ainda, o maior acidente que a cidade de Goiânia
presenciou até hoje, ocorrido em 1987, que ficou conhecido mundialmente, o
Césio 137. “Por que os dejeitos não vão para outro lugar? (Alguém perguntou);
Jandira fala: Que lugar? Lixo nosso é nosso, do paulista é do Paulista e
etc.... Imagine vovó Joana, nos tempos do Césio e da Aids? Não seria terrível
para ela?” (NARA, 1992, p.81)
Além desse trágico acontecimento ela tenta descrever um
pouco de cada momento presenciado e considerado importante, mas sem se
aprofundar, perpassa por vários anos, iniciando em 1926 e terminando em 1993,
calculados são 67 anos de história resumidos em uma obra.
“Delfinópolis é o berço de Jacinto e Esmeralda e tantos
outros parentes distintos, que formam uma estirpe de pessoas de bem.” (NARA,
1992, p.95). Com essas palavras, Yaciara
nos indica suas raízes e, consequentemente, relata as influências que a cultura
de outro estado provocaram em sua estadia em Goiás.
A linguagem utilizada em
sua obra, pode-se dizer que é regionalista, com traços bem marcantes e
característicos do modo de falar caipira. “_ Ta bão... vai lá. Era tempo de
muenda de cana e eu tava cum meu facão trabaiano, quando vi aquela menina
andando pelo trieiro até chegar perto do pai dela. Era de uns 13 anos e bonita,
ela foi levá a bóia pro pai”. (NARA, 1992, p. 66).
Fazia uma réplica fiel
dos modos, costumes com a linguagem bem coloquial. Sem apelar para o
melodramático, adota um estilo narrativo sempre na terceira pessoa.
Considera-se o discurso indireto livre, pois ao
mesmo tempo em que os fatos são narrados, aparecem as falas diretas dos
personagens inseridas no discurso do narrador.
Contudo, sua escrita não se preocupa com as estruturas
gramaticais da língua portuguesa, mas expressa seus sentimentos e seu modo ver
/ ler o mundo de forma simples e clara. Carregada de uma riqueza cultural e
descritiva que remete o leitor a vários períodos históricos de nosso estado com
a visão sensível e perceptível da mulher. Essas características podem ser
observadas em trechos de sua obra em que ela atenta-se a detalhes minuciosos
das situações apresentadas, em que os sonhos, os desejos sempre aparecem de
forma tão representativa e, ao mesmo tempo, podados e limitados pelo simples
fato de ser mulher.
A questão familiar faz-se muito presente em diversos
momentos da obra, as relações familiares e as relações extrafamiliares sempre
aparecem de forma sensível e são de grande importância.
2.1. Inspiração espírita - Avisos do
além e outras representações
A escritora, apesar de não ter frequentado uma escola
literária, é clara em suas ideias. Suas histórias, em grande parte, trazem
conteúdos de manifestações espíritas.
Lá
em Barreto casei com um paulista depois viemos para Goiânia, o meu noivo era
espírita e o padre não queria que entrasse na igreja, na sacristia, foi uma
briga de um ano até o papa entrou no meio, a
correspondência demorou um mês,
obrigando fazer na sacristia, não sou prostituta porque vou casar na sacristia,
aí combinamos fazer em minha casa, aí fizemos um altar , pusemos uma toalha na
parede muito bonita ... Encontrei no espiritismo o que não tinha encontrado no
catolicismo, não estou desprezando não. Eu tenho a maior admiração, por exemplo
acompanho o papa em tudo, mas eu procurava algo maior, algo que fosse mais
caridade do que ficar rolando aquele tercinho o dia inteiro, eu queria algo ...
(Fonte:
Entrevista realizada em 2013)
A partir do momento em que ela tem mais aproximação com o
espiritismo, inspira-se a escrever, motivada pela aparição em sonhos de um
espírito, como já foi dito anteriormente. Assim, as questões da religiosidade
sempre estavam presentes em sua obra, desde as características do catolicismo
que foi sua religião desde a infância até o contato com o espiritismo que se
deu assim que conheceu seu marido.
Entretanto, alega em alguns trechos da obra que desde
criança, ela percebia alguns fenômenos diferentes, “desde pequena ela via e
ouvia coisas. Quando contava para alguém, aconteciam críticas. Ainda bem
pequena, em Uberaba, ela viu muitas assombrações e falou com várias pessoas,
mas ninguém acreditou”. (NARA, 1992, p.29) Mas ela tratou de relatar as suas
experiências com a mediunidade em sua obra, como pôde ser observado no pequeno
trecho.
O interesse em pesquisar sobre a escritora não foi pelo
conhecimento e divulgação de suas obras, mas sim pelo apreço da sua
personalidade, tão instigante. Na leitura, depara-se com a impactante descrição
da vida e do psicológico de uma criança denominada Jandira que retrata uma vida
sofrida, mas também com muitos momentos felizes.
Uma menina que perdeu cedo seu pai, que desapareceu quando
foi a trabalho para uma fazenda em Minas Gerais. A família nunca soube de seu
paradeiro. Desde então, a vida da pequena começa a sofrer mudanças e passa por
percalços. Após seu casamento com Henrique, um paulista, retornam a Goiás na
tentativa de reconstruir a vida.
O imaginário de uma menina indefesa, sem pai, foi sendo
transformado com as dificuldades e, após seu casamento e a morte de sua mãe
Esmeralda, ela tinha unicamente o marido a quem contar, porém com o tempo seu
casamento também veio a findar. Jandira ainda teve que criar os filhos sozinha,
uma fase de muita mudança, foi quando
conquistou sua liberdade, como alega. Mas tudo isso é retratado de forma muito
particular, mesmo em meio a tanto contratempo, sempre estava presente em suas
falas, um grande apreço às relações familiares e tudo relatado com amorosidade.
Yaciara acreditava em superstições e crendices,
“Jandira...Sete letras. Tudo para ela sempre teve sete, dá sorte.” (NARA, 1992,
p.24). O número representa a perfeição e o sagrado, sete está presente na
literatura, na filosofia. Além do número 7, presente no nome de Jandira, há o
13 que também aparece como um número simbólico.
Ela...
Dormiu e sonhou com um quadro cor do céu, com mãozinha de criança de uns 2
anos. Uma voz dizia – Vinte dias, vinte dias ...Seria dia 13 de janeiro. Seria
o que? Será a morte de mamãe? Que acha? Meu Deus será possível? Naquele natal
Esmeralda chamou a filha e contou um sonho idêntico que tivera na noite
anterior – vou Jacinto Jesus quer que eu vá... No dia “13 de janeiro de 1978 Esmeralda foi
encontrar Jacinto em sua morada verdadeira...” (NARA, 1992, p. 47- 48).
Estas são algumas interpretações que a autora, no seu ciclo
de vida, vem enumerando e dando significado às ações e reações através de
números e datas, estimulando o leitor a pesquisar e perceber as vibrações
numéricas, que ligam a força da numerologia, movimentando, consequentemente, as
vibrações das forças da sua evolução espiritual.
Um dos conceitos da mediunidade é o contato com as almas que
viveram na terra, mas foi só a partir do século XIX que começou a ser estudado
na amplitude científica. Segundo Elcio Luiz (2011), todos já nascem com a
mediunidade seja de um grau ou em outro, o nível mais comum é conhecido
como intuição, que com o passar do tempo, pode ser desenvolvida através de
estudos e disciplinas da doutrina espiritualista.
São perceptíveis essas características da mediunidade em
várias partes do livro, como pode ser observado no trecho que segue: “Bem à
frente de Jandira, estavam Esmeralda e a sogra de Maria, ambas idosa e um pouco
doentes. Quando Jandira terminou a prece e abriu os olhos, viu as duas senhoras
dentro de caixões. A sogra de Maria, distinta senhora estava com ares de
desencarnada”. (NARA, 1992, p. 44). Como se nota, os aspectos da religiosidade
e da espiritualidade cerceia a obra de Yaciara e exercem grande influência em
seu modo de interpretar o mundo e nos acontecimentos de sua vida.
Portanto, permeiam em sua obra elementos ligados ao
espiritismo, às crendices, às tradições religiosas católicas, além de
associações à numerologia. Todas essas representações fazem de sua obra rica em
descrições, em focalizações diferentes para diversos assuntos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considero finalmente,
com os estudos sobre o universo feminino e das repressões que as mulheres
sofreram ao longo do tempo, que se iniciou o entendimento de como ocorreu a
ascensão delas e como se inseriram no mercado de trabalho e na literatura
brasileira e goiana.
Acredito que o trabalho
supriu um desejo que a muito tempo busquei: discorrer sobre uma escritora de
minha admiração por possuir uma característica peculiar em sua obra, a
simplicidade.
Busquei retratar uma
escritora goiana que ainda estivesse viva, por me aproximar de minha cidade. O
trabalho faz-se importante para o estado, pois não tive conhecimento de outra
pesquisa com esse fim. Dessa forma, a pesquisa configura-se como uma análise de
parte do universo literário feminino por um olhar masculino.
O trabalho é o início
de uma investigação que pode servir como fonte para futuras pesquisas no âmbito
da literatura goiana que, a meu entender, necessita de ampliação e estudo
aprofundado, o trabalho escrito foi só a primeira etapa de um processo que será
finalizado na segunda etapa, em que pretendo produzir um documentário
intitulado A menina mulher das
Brumas do Tempo, buscando mostrar via imagem os aspectos relevantes da obra
da escritora para melhor conhecimento para os leitores que tiverem interesse.
A pesquisa aborda
alguns filósofos e escritores como: Nísia Floresta, Mendonça
Teles, Herbert Marder, Maria das Graças Belov, Yaciara Nara, que
tiveram influência no trabalho, eles serviram de suporte para a revisão
literária e para complementar as ideias apresentadas. Muitos vídeos foram
visualizados e muitos artigos lidos, dias e noites moldando o trabalho, no
intuito de entender, porque o homem provocou toda essa desavença na história.
Enfim, no entendimento
que a arte pode aproximar a obra de seu apreciador e apontar vários ângulos de
visão sobre um mesmo fenômeno, e a arte, na sua estética e comunicação, pode
imprimir importância na sociedade como importante meio de identificação
cultural, pois retrata como ela vive e relaciona. Na obra de Yaciara Nara, o real
e o ficcional misturam-se e nos remetem a certos acontecimentos e
comportamentos de determinada época e cultura.
Family,
woman and religiosity in Brumas do Tempo
by Yaciara Nara
Abstract: The present
work is a study about the artist and craftsman Dirce Leite, known as Yaciara
Nara, trying to figure out the feminine and its representation in her works
specially in Brumas do Tempo. It was studied aspects of Goiana Literature and
its contribution in the creative process by the writer. In this way, the search
is directed to verify some records and interviews with the writer and other
goianos writers. They were pointed and evaluated literary elements of Art and
also were observed issues of familiarity, femininity and religiosity. For last,
it was done the considerations about some relevant points in the Brumas do
Tempo. For those purposes, they were requested theories as Nísia Floresta,
Mendonça Teles, Herbert Marder, Maria das Graças Belov, Yaciara Nara.
Keywords: Woman,
Family, Goiana Literature, Religiosity.
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FOTOS (anexos):
NARA,
Yaciara. Yaciara
nasceu na zona rural de Anápolis-GO,
1934 disponível em: https://www.facebook.com/YaciaraNara/photos/exp.276523575822662.unitary/277274539080899/?type=1&theater, acessado em 15/10/14
NARA,
Yaciara. Casou-se com Donato Ferreira,
em Barretos-SP, 1955.disponível
em: https://www.facebook.com/YaciaraNara/photos/a.276428179165535.1073741825.276177572523929/277466865728333/?type=1&theater, acessado em
15/10/14
NARA,
Yaciara. Mudou-se de Barretos para
Goiânia.1958 disponível em: https://www.facebook.com/YaciaraNara/photos/a.277264662415220.1073741838.276177572523929/277264675748552/?type=1&theater, acessado em 15/10/14
NARA,
Yaciara. mudou
com a família para o Bairro Feliz, onde reside até
os dias atuais, 1968 disponível em: https://www.facebook.com/YaciaraNara/photos/a.277508709057482.1073741847.276177572523929/277510242390662/?type=1&theater, acessado em 15/10/14
NARA, Yaciara. Na rua que leva o nome do se avô. Delfinópolis-MG, 1986 disponível em: https://www.facebook.com/YaciaraNara/photos/a.278894575585562.1073741853.276177572523929/278900435584976/?type=1&theater, acessado em 15/10/14
PEREIRA, Anselmo. Ofício do vereador Anselmo para receber a
homenagem da câmara. Eo diploma em homenagem ao pionerismo na sua área de
atuação profissional nos 80 anos da cidade de Goiânia. 2013 disponível em: https://www.facebook.com/YaciaraNara/photos/ms.c.eJwlycENACAMA7GNUJNrge6~;GAKelomtCrm6IWPwnDSeM~;0trfumDuJsCXg~-.bps.a.307744122700607/308150439326642/?type=1&theater acessado em 15/10/14
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ANEXOS
Yaciara Nara um exemplo de mulher –
vida e arte
Yaciara Nara é o
pseudônimo de Dirce Leite Ferreira, cuja naturalidade é de Anápolis, interior
do Estado de Goiás, nascida
no dia 4 de outubro de 1934.
Seus pais, Osvaldo Leite e Maria Augusta Leite Lemos, juntamente com toda a família,
mudaram-se para Uberaba, Minas gerais e, subseqüente para Barretos, São
Paulo.
Com mais quatros
irmãos, José Leite, Zeferino Leite, Jerônimo Leite e Aparecida Leite, ainda
quando criança, ficaram órfãos de pai.
Yaciara tornou-se
escritora e artesã. Como artesã o primeiro trabalho foi realizado aos seus 7
anos, um par de chinelos de bucha vegetal,
tecido e ponto Russo, à mão e sem nenhuma orientação ou ensinamento.
A partir daí, deu-se início a produção dos artesanatos, que
foram aperfeiçoando-se ao longo dos anos, até se tornar referência na grande
capital goiana, através da confecção de produtos variados, como bolsas de
palha, bordados, doces artísticos, casinhas de porcelana fria, colagem,
casinhas ecológicas com reciclagem de material do cerrado, (sementes,
areia, cristal, pedras, papiro do cerrado, pauzinhos secos, musgos
e etc.), pintura em telhas e quadrinhos com fibra de coqueiro.
Yaciara é uma artista nata, e, além do artesanato, gosta de
cantar. As primeiras aparições foram quando tinha dez anos, na Rádio P.R 1.8 de
Barretos, São Paulo.
Em Barretos casou-se
com Donato Ferreira (1955) e teve sua primeira filha Conceição Aparecida. Em
1958 se mudaram para Goiânia, onde tiveram mais dois filhos Miguel Carlos e
Maria Helena.
Ao longo de sua vida participou de várias exposições e
feiras artesanais, galgando alguns postos, tais quais:
- Sócia fundadora da Associação Lavourartes, tendo o poeta
Geraldo Pereira como seu criador e Presidente.
- Ex-presidente da Colméia da Amizade, órgão
filantrópico das esposas e filhas de Maçons, com filiais em Anápolis,
Uirinópolis, Inhumas e outros.
- Pertence à União Brasileira de Escritores de Goiás e ao
Clube Literário de Brasília. Recebeu diploma de Honra ao Mérito Rádio Clube de
Goiânia e Academia Internacional de Letras do Rio de Janeiro.
Yaciara casou-se em Barretos, com Donato Ferreira
(1955) e teve sua primeira filha Conceição Aparecida. Em 1958 se mudaram para a
jovem e promissora capital de Goiás. Em Goiânia tiveram mais dois filhos Miguel
Carlos e Maria Helena.
Yaciara teve um
casamento feliz, até certo tempo, quando começou a ver a mudança de seu marido,
seu afastamento da família até chegar à separação. Foi uma fase difícil,
sofrida que resultou na sua descoberta pela escrita. Foi a dor da perda do seu
amado a fonte de inspiração para as primeiras palavras. Em uma entrevista
Yaciara fala de quando começou a escrever: "Foi às 3 horas da madrugada do dia 17 de março de
1981, numa chácara nas redondezas de Goiânia, em que me encontrava para me
refugiar da crise conjugal. Foi um dia inesquecível”.
Nesta mesma oportunidade, Yaciara tem a certeza dos seus
dons sobrenaturais, quando através de um sonho viu uma portuguesa à beira de um riacho com um balaio
de onde saíam pontas de roupas coloridas. A portuguesa, uma moça jovem recitou:
"Caí com o balaio / Quebrei o tamanco / Mas continuei / Vestida de
branco".
No sonho Yaciara e a portuguesa conversaram, a portuguesa se
apresentou dizendo ser um espírito desencarnado cujo nome era Maria de Souza
Alves e que morava em Algarve. Assim, a escritora passou a escrever os versos
que ouvia enquanto dormia. (São os primeiros indícios da mediunidade e do
espiritismo na vida de Yaciara). Com o passar do tempo a escritora passa a
narrar sua própria história, as vivências em família, apontando seu modo de
viver, sua cultura, suas experiências. Os personagens se materializam através
de pessoas que Yaciara conviveu.
A escritora apesar de não ter tido uma escola literária, é
escritora da literatura de cordel e de outros ramos da literatura. Suas
histórias, em grande parte, trazem em seu conteúdo manifestos espíritas, e
parte renda arrecadada de algumas obras foi destinada ao fomento da construção
do templo espírita Yucatã do Amanhecer, em Teresópolis Goiás. Yaciara tem como
base a intuição e a crença espírita para produzir suas obras, pois, sua vida é
repleta de manifestações espiritualistas. A literatura na vida da referida
autora representa, sobretudo, superação. Pois, foi na escrita que encontrou
forças para crescer com a oportunidade que a vida lhe oferecia. Hoje, é
escritora e artesã, com mais de dez publicações. (NARA, 1992, p. 07-08)
Capa do livro
pesquisado
Filha de Osvaldo Leite e Maria Augusta leite Lemos,
Yaciara nasceu na zona rural de Anápolis-GO.
altura 9,92cm-largura 13,23cm
Em 1955, Yaciara casou-se
com Donato Ferreira, em Barretos-SP.
7,14 de largura-6,64 de altura
Em 1958 Yaciara Nara,
mudou-se de Barretos para Goiânia.
altura 4,9cm - largura 7,2cm
Em 1968, mudou com a família para o
Bairro Feliz, onde reside até os dias atuais.
altura 9,79 cm- largura 14,48 cm
Yaciara em Delfinópols-MG, na rua que
leva o nome de seu avô.
altura 7,98cm - 11,11 largura
Filmagem
1e 2 documentário curta-metragem, direção: Marcos Marrom
A menina mulher das Brumas do Tempo2014
foto 1 altura 6,62 - largura 11,76/ foto 2 altura 6,62
largura 6,68
Ofício do Vereador Anselmo convidando para receber a
homenagem da Câmara.
E o diploma em homenagem ao pioneirismo na sua área
de atuação profissional nos 80 anos da cidade de Goiânia, 2013.
altura 8,12cm-
largura 6,91 cm
altura 8,12 cm - largura 6,63 cm
A
escritora recebendo o escritor Anatole Ramos
altura
8,93cm - largura 6,69cm
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