ARTIGO


Família, mulher e religiosidade na obra Brumas do Tempo de Yaciara Nara

Marcos "Marrom"da Silva Santana[1]

Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter,
calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri,
viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e as minhas alegrias.
Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei
e levante-se assim como eu fiz. (Clarice Lispector)

Resumo: O presente artigo trata-se de um estudo direcionado à artista e artesã Dirce Leite, conhecida como Yaciara Nara, visando um entendimento sobre a figura feminina a e representação que esta configura em suas obras, em especial, as Brumas do Tempo. Foram levados em consideração os aspectos da literatura goiana e a sua contribuição nos processos criativos da autora. Desta forma, a pesquisa direciona-se para uma verificação das experimentações gravadas em vídeo e de entrevista com a escritora e alguns escritores goianos. São apontados e avaliados os elementos da arte literária e, dentre esses, foram observadas as questões da familiaridade, da feminilidade e da religiosidade. Por último, foram traçadas as considerações sobre os pontos mais relevantes da obra. Para tanto, utilizar-se-ão referências teóricas como Nísia Floresta, Mendonça Teles, Herbert Marder, Maria das Graças Belov, Yaciara Nara.

Palavras-chaves: Mulher, família, Literatura Goiana, religiosidade.  


Introdução

O presente artigo trata-se de uma pesquisa bibliográfica sobre a vida e obra de Dirce Leite Ferreira, cujo pseudônimo é Yaciara Nara. Natural de Anápolis, Goiás, filha de Osvaldo Leite e Maria Augusta Leite Lemos e filhos viveram um tempo em Uberaba (MG) e Barretos (SP). Yaciara e seus irmão ficaram órfãos de pai quando moravam no estado mineiro. Ela só retornou a Goiás após seu casamento, foi quando começou a escrever, é conhecida como escritora e artesã.
Como escritora, elaborou uma obra simples em sua estrutura e em seu conteúdo, mas uma criação genuína de sua realidade, sua vida é representada na figura de "Jandira", personagem principal que conta a história de Yaciara e sua família. Sua obra, denominada Brumas do Tempo é recheada de história de vida, relatos de importantes acontecimentos em Goiás, como por exemplo, o Césio, a Segunda Guerra Mundial, encontro de sua mãe com Cora Coralina.
A obra está dividida em pequenos textos (atos), cada ato aborda um trecho de sua vida e dos costumes da época em que escreveu. Traz em seu cerne uma descrição rica de detalhes sobre a cultura goiana, até mesmo as falas dos personagens são fiéis à forma de falar do povo goiano. De certa forma, por seus relatos, pode-se entender um pouco como era o comportamento da sociedade, as crenças e a dificuldade que as mulheres enfrentavam para serem reconhecidas socialmente.
Brumas do Tempo é, portanto, o retrato da história da família da autora, das desilusões, sofrimentos e dos bons momentos, uma mistura real e fenomenal, cheia de mistérios que remete o leitor ao tempo e ao conhecimento do que se passou nessa trajetória descrita.
Em primeira instância, para o desenvolvimento deste trabalho, é traçado um breve panorama da conquista político social da mulher, as dificuldades que enfrentaram, a desvalorização da mulher e a forma como tudo foi se transformando, mesmo que a "passos lentos." Essa temática foi levantada com a finalidade de refletir sobre o papel da mulher no mundo, sua inserção na  literatura e pelo fato da feminilidade estar tão presente na obra de Yaciara Nara. Em seguida, é feita uma abordagem  sobre a ocupação da mulher na literatura goiana. As dificuldades e certeza de que tudo ocorreu de forma desbravadora.
Por fim, o foco volta-se para a autora, um breve relato sobre sua vida, e uma análise da obra Brumas do Tempo, levando em consideração os aspectos da religiosidade, espiritualidade e do universo feminino apontados nesta. Portanto, a pesquisa trata de uma imersão no universo da escritora Yaciara Nara, uma tentativa de relacionar seus relatos com os aspectos sociais da época.

1. Um pouco sobre a "Mulher”: breves apontamentos

Ao longo da história da humanidade, a mulher percorreu por duras realidades, com relatos de sofrimento, discriminação, abuso, humilhação, desafios, derrotas, mas, também, de vitórias e inúmeras conquistas. Entretanto, a contemporaneidade da mulher já nos remete a outro viés, antes indefesa, voz minoritária e submissa, hoje, independente, capaz e com um poder de representatividade imensurável, com potencial assim como qualquer sujeito dotado de direitos e deveres.
É facilmente possível identificar as conquistas e perceber a ampla participação e evolução democrática da mulher em todos os campos sociais, como por exemplo: político, profissional, familiar e intelectual. Porém, apesar de tudo, a realidade feminina ainda se mostra cerceada pelos reflexos das bases opressoras da sociedade, pois se observa um contexto bastante desfavorável para muitas mulheres, que, em muitos casos, recebem um salário inferior ao do homem, possuindo em alguns trabalhos uma carga horária superior a dele entre outros.
No seio familiar, a mulher ocupou por muito tempo o cargo de procriação, responsável por cuidar dos filhos e pelos afazeres domésticos. Assim, ela ficou afastada da esfera econômica, social e política, sendo omissa no contexto do casamento e na família, ou seja, era anulada. Inicialmente, ficava sob a submissão dos pais e, em seguida dos maridos. Os casamentos eram arranjados e a mulher era um ser sem expressão. Somente a partir da Constituição de 1824 é que surgem as primeiras escolas das quais a mulher começa ter um formação básica. Segundo Floresta (1989, p. 153)

A primeira legislação autorizando a abertura de escolas públicas femininas data de 1827, e até então as opções eram uns poucos conventos, que guardavam as meninas para o casamento, raras escolas particulares nas casas das professoras, ou o ensino individualizado, todos se ocupando apenas com as prendas domésticas. E foram aquelas primeiras (e poucas) mulheres que tiveram uma educação diferenciada, que tomaram para si a tarefa de estender as benesses do conhecimento às demais companheiras, e abriram escolas, publicaram livros, enfrentaram a opinião corrente que dizia que mulher não necessitava saber ler nem escrever.

Os pequenos movimentos foram criando formas mais elaboradas e abrangendo um público maior. E dessas manifestações foram surgindo grandes personalidades do sexo feminino em muitas áreas, mas nos deteremos aqui, em específico, na literatura e sua representatividade feminina. Dentro desse contexto, é válido considerar a participação da escritora Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810-1885), como uma das pioneiras a publicar textos em jornais.  Sua primeira obra foi Direitos das mulheres e injustiça dos homens que aborda sobre o direito da mulher ao conhecimento. Para Soihet (1989, p. 178)

Em 1920, dá os seus primeiros passos um movimento de mulheres proeminentes, literatas, vinculadas à elite, com educação superior que queriam emancipação econômica, intelectual e política. Estas conseguiram vitórias em terrenos como o trabalho feminino, a saúde, educação e direitos políticos, garantindo a cidadania para a mulher.

A mulher, desde então, desperta para a necessidade de instrução como ferramenta de conquista social. Somente em 3 de maio de 1933, a mulher brasileira, pela primeira vez, em âmbito nacional, votou e foi votada, sendo, posteriormente, suspenso direito e só retomando-o em 1945. Assim, afirma Floresta (1989, p. 162)

Apenas em 1932, Getúlio Vargas cede aos apelos e incorpora ao novo Código Eleitoral o direito de voto à mulher, nas mesmas condições que aos homens, excluindo os analfabetos; e o Brasil passava a ser o quarto país nas Américas, ao lado do Canadá, Estados Unidos e Equador, a conceder o voto às mulheres. Mas a alegria durou pouco: Vargas decide suspender as eleições e as mulheres só vão exercer o direito conquistado na disputa eleitoral de 1945.

Diante disso, a mulher ficou à mercê dos acontecimentos políticos, esperando que esses voltassem a seu favor, mas através dos movimentos  feministas, sua imagem na sociedade acaba mudando. O mercado de trabalho abre espaço, ainda que em desvantagem no reconhecimento em comparação ao homem, a mulher começa a cultivar seu futuro.
Com a inserção no mercado de trabalho, com o progresso das mulheres, surge a necessidade de refletir sobre os modelos jurídicos elaborados pelo estado para regulamentar as relações de trabalho da mulher. Contudo, vale salientar que essa abertura possibilitou seu desenvolvimento não só nas questões trabalhistas e sociais, mas também provocou um grande expansão das suas contribuições no campo artístico e literário, como no caso da obra de Yaciara em questão.
Tomamos como referência para esse estudo, as conquistas nos campos da literatura que muitas mulheres conseguiram, excepcionalmente, às da escritora goiana Dirce Leite. Sua obra Brumas do Tempo abarca uma linguagem característica de seu universo, um resgate de suas lembranças que surge da necessidade de externalizar para o mundo o pensamento da mulher goiana, uma vez que a linguagem escrita não pode ser confundida com a falada, o que torna imprescindível a leitura da obra.  Para esclarecer melhor como foi a participação de Yaciara Nara na literatura goiana, abordaremos a seguir a inserção da figura feminina na literatura goiana.

1.1. Mulher e literatura - Goiás

 De acordo com Duarte (2003), a literatura no Brasil, como revelação de uma atividade de bases evidentemente nacionalistas, inicia-se no século XIX, atraindo mulheres para expandir as possibilidades de exibirem seus talentos fora dos seus afazeres domésticos. As conquistas no campo da literatura vêm trazendo pesquisas e compreensão mais aprofundadas, podemos perceber que a mulher foi sempre o objeto da literatura, a mulher sofrida e que sempre é a causa dos conflitos, mas hoje ela se transformou na personalidade da primeira pessoa sendo o sujeito da nova literatura, mas mesmo assim cita a doutora Cristina Stevens (2014) na Bienal de Brasília  “que a mulher ainda tem pouca expressividade  no que é produzido no Brasil”.

Segundo pesquisas realizadas na Universidade de Brasília Segundo pesquisas realizadas na Universidade de Brasília pela pesquisadora Dalcastagnè – que se debruçam sobre todos os romances publicados pelas principais editoras brasileiras da área (Companhia das Letras, Record e Rocco) nos últimos 15 anos – as autoras não chegam a 30% do total de escritores editados. O que se reflete, também, na subrepresentação das mulheres como personagens em nossa ficção. As mesmas pesquisas mostram que menos de 40% das personagens são do sexo feminino. Além de serem minoritárias nos romances, as mulheres também têm menos acesso à “voz”, isto é, à posição de narradoras, e estão menos presentes como protagonistas das histórias. Um fato bastante conhecido da literatura é a timidez da fala feminina ou sua tendência ao silêncio público, o que contribui para sua invisibilidade. A experiência feminina no espaço social faz com que a mulher se “especialize” na fala doméstica e interpessoal e tenha dificuldade em dominar a fala pública e impessoal.


Ainda sobre esse aspecto, o escritor baiano, Geraldo Pereira, que vive a muitos anos em Goiânia, em uma entrevista, no ano de 2013, na pesquisa recente realizada por ele e registrada no seu livro Pescando versos graúdos em águas goianas de 2009, declarou que a contingência de poetas do sexo masculino tem maior número de publicações. Sendo 246 autores para 89 autoras. O que resume a dificuldade que a mulher teve para ter acesso a níveis de igualdade na literatura de Goiás.
Segundo Telles (1995), a ascensão da mulher aos quadros sociais e às atividades intelectuais em Goiás, se ampliaram só a partir de 1900. Ela não só teve participação na publicação em jornais, mas também se promoveu com grandes obras que lhes proporcionaram posição e respeito. E não há quem desconheça em Goiás nomes como Leodegária de Jesus, Cora Coralina, Regina Lacerda, Rosarita Freury, Heloísa Helena, Augusta Faro, Yêda Schmaltz e Yaciara Nara.
Ainda de acordo com Telles (1995) no Estado goiano, o jornalismo surge com o jornal Matutina-Meiapontese em Pirenópolis, nos meados de 1830, mas só a partir de 1869, a província literária, sob a direção de Felix de Bulhões, tem sua ascensão. Já no século XX, com as grandes lutas de personagens femininas, deu-se o aparecimento da Academia de Direito, em 1903, e da Academia de Letras na cidade de Vila Boa, Goiás, no ano de 1904.
As autoras goianas não desistiram e continuaram lutando. Organizaram, em 1907, o Jornal Literário “A Rosa”,  redigido por Rosa Godinho, Alice Santana, Leodegária de Jesus, e Ana Lins do Guimarães. Com a direção de Josias Santana e Heitor de Morais Fleury, “A Rosa” era um jornal que surge para suprir os pensamentos das mulheres  falando do universo feminino em Goiás. O curioso é que as folhas eram rosas. E a maior parte dos livros desta época  tiveram nomes de flores.
Percebe-se assim que a sensibilidade feminina começa a tecer os livros de nossa história, segundo a escritora Nazareth (2013), Presidente da Academia de Letras de Santo Antônio de Goiás, em uma entrevista concedida a esta pesquisa, foi relatado que “A mulher, por si só, é um ser sensível por natureza. Então se faz poeta”.  Também o teórico Herbert Marder (1975), estudioso de Virginia Woolf, do livro Feminismo e Arte, não concorda com a questão da igualdade de homens e mulheres, no sentido de perceber  algumas ideias  e características que são próprias e pessoais das mulheres, como a questão da sensibilidade mais aflorada dentre outras que são específicas do universo feminino.
           Marder (1975) explora os estudos de Woolf, escritora britânica e uma das mais influentes do Modernismo. No seu livro, pauta que não se restringe os direitos das mulheres, mas o equilíbrio no qual os elementos masculinos e femininos integram-se na personalidade,  pautado na ideia de que alguns artistas  poderiam ser chamados de “andróginos”, pois são capazes de pensar e escrever como se fossem homens, mas pensando e compreendendo como mulheres,  com a capacidade de ver e compreender a sexualidade e o todo.
Porém, na literatura goiana, especificamente, na obra de Yaciara, quando a escritora insere a mulher no seu romance, o que podemos observar é que esta, retrata melhor o universo feminino e tem mais propriedade para falar das experiências e vivências típicas do sexo com mais domínio. Podemos observar que um dos traços femininos implícitos é o fato de colocar em primeiro plano, excepcionalmente, os personagens femininos e focar a atenção para a sensibilidade e para os sentidos mais valentes de uma mulher.
Em sua obra, a sensibilidade e a força são características que contrastam e formam a personalidade da mulher representada. O centro de sua pesquisa é a essência feminina, a sua essência como mulher, por isso, o objeto principal de sua literatura é o olhar distanciado (olhar de fora) de sua própria existência.
Enfim, as lutas constantes e o movimento feminista influenciaram de forma positiva na inserção da mulher em várias instâncias político-sociais. Essas conquistas reverberaram também no campo literário em todo o Brasil e, consequentemente, chegou a Goiás. Embora ainda se apresentar um pouco tímida, a literatura feminina vem se fortalecendo e ganhando espaço no estado goiano. Enquanto por muito tempo a participação da mulher foi discriminatória, hoje, se dedica a pesquisas e estudos sobre o universo da mulher, a fim de entender e reconhecer o seu valor como parte da cultura. Seguimos, no próximo item com a análise da obra Brumas do Tempo da referida autora goiana, Dirce Leite (Yaciara Nara), na tentativa de entender seu universo e sua contribuição para a cultura goiana.  
  
2. Névoas da literatura

Pode -se dizer que Goiás tem uma riqueza de grandes escritores, mas pouco se fala dela,  e é por isso que o Estado vive na névoa da literatura nacional. Em minhas pesquisas, pude observar, por exemplo, que há pouca fonte sobre a autora a qual escolhi para análise. Yaciara Nara é o pseudônimo de Dirce Leite Ferreira, que também passa ser a narradora do livro, cuja naturalidade é de Anápolis, interior do Estado de Goiás, nascida no dia 4 de outubro de 1934.
Ao longo dos anos, ficou conhecida na grande capital goiana, através da confecção de produtos variados, como: bolsas de palha, bordados, doces artísticos, casinhas de porcelana fria, colagem, casinhas ecológicas com reciclagem de material do cerrado, pintura em telhas e quadrinhos com fibra de coqueiro. Mas, foi depois de se separar do seu marido, que fez da dor a fonte de inspiração, para as primeiras palavras.  Fato que pode ser claramente observado no trecho que segue: “Henrique começou a agir de modo estranho transparecer frieza em relação a esposa... Aquela situação seguiu assustadora e por fim, veio a separação”. (NARA, 1992, p. 49).
Yaciara, em uma entrevista, conta que quando começou a escrever estava em sua casa "Foi às 3 horas da madrugada do dia 17 de março de 1981, numa chácara nas redondezas de Goiânia, em que me encontrava para me refugiar da crise conjugal. Foi um dia inesquecível”, alega. Ela afirma que foi motivada por meio de um sonho, onde viu uma portuguesa à beira de um riacho com um balaio de onde saíam pontas de roupas coloridas. A portuguesa, uma moça jovem, recitou: "Caí com o balaio / Quebrei o tamanco / Mas continuei / Vestida de branco". No sonho, Yaciara e a portuguesa conversaram, a portuguesa apresentou-se dizendo ser um espírito desencarnado, cujo nome era Maria de Souza Alves e que morava em Algarve. (NARA, 1992).
Com o passar do tempo, a escritora passa a narrar sua própria história, as vivências em família, apontando seu modo de viver, sua cultura, suas experiências. “Enquanto Henrique ia trabalhar no escritório, Jandira lavava as roupas da família e passava com ferro de brasa e a noite, nem dava para bordar ou ler, pois a luz era fraca demais, parecia tomate maduro”. (NARA, 1992, p. 27)
Os personagens materializam-se através de pessoas que Yaciara conviveu. Vai pontuando alguns momentos marcantes que os personagens, Esmeralda e Jacinto passaram até o nascimento da filha, Jandira,  a qual é a personagem que representa a escritora Yaciara. Como trata-se de uma obra autobiográfica, foram utilizados pseudônimos para não colocar os nomes reais.
Na literatura de Dirce Leite, pode-se observar que a mulher é a personagem principal, e Jandira apresenta-se com um espelho de sua vida. A autora relata ainda em seu livro, onde, quem, e como viveu. Com isso, descreve como eram o comportamento e a cultura da época, como viviam as mulheres de seu tempo e seus anseios para o futuro.
"Brumas do Tempo” é o terceiro livro de autoria de Yaciara Nara. O seu título nos indica um sentido de mistério, névoa, sombra que nos remete à subjetividade, à imersão, ao resgate da memória. Assim, são 97 páginas ligadas ao universo da lembrança, pois a escritora trabalha na sua novela biográfica, um olhar voltado para o feminino e não para o feminista. A sua atenção volta-se para o sensível, para as características essenciais da mulher, de suas aspirações, medos, e sobretudo de sua força para suportar as imposições sociais e familiares.
Enquanto mantinha um casamento forçado com seu primo, a sua obrigação era especificamente com os deveres domésticos. Quando seu marido a deixa, ela se vê obrigada a buscar alternativas de sobrevivência, fato que a liberta para o conhecimento, ela torna-se uma mulher livre para realizar seus desejos. “Quero minha liberdade” ser livre como pássaros! Não há liberdade plena, até os pássaros tem seus limites. Nascemos presos ao umbigo, que foi o intermediário da vida, num corpo de mulher”. (NARA, 1992, p.72) 
O patriarcalismo é muito forte no início do livro, são personagens criados com base em seu convívio familiar. O livro é dividido em 48 capítulos e cada um pode ser lido como contos autônomos, e ambos trazem temas relacionados ao tempo. Os primeiros capítulos apresentam a trajetória da mudança, em que a família sai do mundo rural para entrar no urbanizado.
No primeiro capítulo, ela nos conta sobre o casamento de seus pais, que aconteceu em Anápolis, Goiás, no ano de 1926, em que Jacinto (nome fictício de Osvaldo, pai de Yaciara) ganha uma parte da fazenda, por nome de Lagoa Formosa. Naquele tempo, os latifundiários casavam suas filhas com parentes próximos para que a fortuna não fosse dividida, e sim somada. Em entrevista realizada com a autora, em 2013, ela relata que:

Eles eram primos primeiros, casados em família para não dividir a riqueza, ainda  bem que deu certo, não saiu nenhum retardado.  Oswaldo o nome fictício ficou Jacinto e da mamãe Esmeralda, Jacinto o nome veio de cabeça, Esmeralda é uma peça muito preciosa, o verde tem muita esperança foi aí que deu a origem...

Considerando que a escritora no seu âmbito da criação, traz na sua produção, modos sensíveis e particulares. Ela foge da complexidade estrutural da narrativa, em que tece desde o sertanejo até o urbano em um crescimento cronológico no seu romance. Yaciara busca na história duas forças opostas e contraditórias, e isso gera no sujeito conflito, viver a vida ou salvar a alma. Nesse aspecto, percebe -se a influência da religiosidade em seu modo de vida e, consequentemente, em sua obra.
Na obra Brumas do Tempo, a história é de uma família que tem como personagem principal, a Jandira, uma personagem que desde criança, passa por muitas situações drásticas e de sofrimento como a morte do avô, da avó, da mãe, e sobretudo, percebe também a morte de costumes antigos com a chegada da modernidade. Ela alega que esse sofrimento a fez mais forte e determinada.
Narra ainda, o maior acidente que a cidade de Goiânia presenciou até hoje, ocorrido em 1987, que ficou conhecido mundialmente, o Césio 137. “Por que os dejeitos não vão para outro lugar? (Alguém perguntou); Jandira fala: Que lugar? Lixo nosso é nosso, do paulista é do Paulista e etc.... Imagine vovó Joana, nos tempos do Césio e da Aids? Não seria terrível para ela?” (NARA, 1992, p.81)     
Além desse trágico acontecimento ela tenta descrever um pouco de cada momento presenciado e considerado importante, mas sem se aprofundar, perpassa por vários anos, iniciando em 1926 e terminando em 1993, calculados são 67 anos de história resumidos em uma obra.
“Delfinópolis é o berço de Jacinto e Esmeralda e tantos outros parentes distintos, que formam uma estirpe de pessoas de bem.” (NARA, 1992, p.95).  Com essas palavras, Yaciara nos indica suas raízes e, consequentemente, relata as influências que a cultura de outro estado provocaram em sua estadia em Goiás.
A linguagem utilizada em sua obra, pode-se dizer que é regionalista, com traços bem marcantes e característicos do modo de falar caipira. “_ Ta bão... vai lá. Era tempo de muenda de cana e eu tava cum meu facão trabaiano, quando vi aquela menina andando pelo trieiro até chegar perto do pai dela. Era de uns 13 anos e bonita, ela foi levá a bóia pro pai”. (NARA, 1992, p. 66).
Fazia uma réplica fiel dos modos, costumes com a linguagem bem coloquial. Sem apelar para o melodramático, adota um estilo narrativo sempre na terceira pessoa. Considera-se o discurso indireto livre, pois ao mesmo tempo em que os fatos são narrados, aparecem as falas diretas dos personagens inseridas no discurso do narrador.
Contudo, sua escrita não se preocupa com as estruturas gramaticais da língua portuguesa, mas expressa seus sentimentos e seu modo ver / ler o mundo de forma simples e clara. Carregada de uma riqueza cultural e descritiva que remete o leitor a vários períodos históricos de nosso estado com a visão sensível e perceptível da mulher. Essas características podem ser observadas em trechos de sua obra em que ela atenta-se a detalhes minuciosos das situações apresentadas, em que os sonhos, os desejos sempre aparecem de forma tão representativa e, ao mesmo tempo, podados e limitados pelo simples fato de ser mulher.
A questão familiar faz-se muito presente em diversos momentos da obra, as relações familiares e as relações extrafamiliares sempre aparecem de forma sensível e são de grande importância.

2.1. Inspiração espírita - Avisos do além e outras representações

A escritora, apesar de não ter frequentado uma escola literária, é clara em suas ideias. Suas histórias, em grande parte, trazem conteúdos de manifestações espíritas.

Lá em Barreto casei com um paulista depois viemos para Goiânia, o meu noivo era espírita e o padre não queria que entrasse na igreja, na sacristia, foi uma briga de um ano até o papa entrou no meio, a  correspondência demorou  um mês, obrigando fazer na sacristia, não sou prostituta porque vou casar na sacristia, aí combinamos fazer em minha casa, aí fizemos um altar , pusemos uma toalha na parede muito bonita ... Encontrei no espiritismo o que não tinha encontrado no catolicismo, não estou desprezando não. Eu tenho a maior admiração, por exemplo acompanho o papa em tudo, mas eu procurava algo maior, algo que fosse mais caridade do que ficar rolando aquele tercinho o dia inteiro, eu queria algo ...
(Fonte: Entrevista realizada em 2013)

A partir do momento em que ela tem mais aproximação com o espiritismo, inspira-se a escrever, motivada pela aparição em sonhos de um espírito, como já foi dito anteriormente. Assim, as questões da religiosidade sempre estavam presentes em sua obra, desde as características do catolicismo que foi sua religião desde a infância até o contato com o espiritismo que se deu assim que conheceu seu marido.
Entretanto, alega em alguns trechos da obra que desde criança, ela percebia alguns fenômenos diferentes, “desde pequena ela via e ouvia coisas. Quando contava para alguém, aconteciam críticas. Ainda bem pequena, em Uberaba, ela viu muitas assombrações e falou com várias pessoas, mas ninguém acreditou”. (NARA, 1992, p.29) Mas ela tratou de relatar as suas experiências com a mediunidade em sua obra, como pôde ser observado no pequeno trecho.
O interesse em pesquisar sobre a escritora não foi pelo conhecimento e divulgação de suas obras, mas sim pelo apreço da sua personalidade, tão instigante. Na leitura, depara-se com a impactante descrição da vida e do psicológico de uma criança denominada Jandira que retrata uma vida sofrida, mas também com muitos momentos felizes.
Uma menina que perdeu cedo seu pai, que desapareceu quando foi a trabalho para uma fazenda em Minas Gerais. A família nunca soube de seu paradeiro. Desde então, a vida da pequena começa a sofrer mudanças e passa por percalços. Após seu casamento com Henrique, um paulista, retornam a Goiás na tentativa de reconstruir a vida.
O imaginário de uma menina indefesa, sem pai, foi sendo transformado com as dificuldades e, após seu casamento e a morte de sua mãe Esmeralda, ela tinha unicamente o marido a quem contar, porém com o tempo seu casamento também veio a findar. Jandira ainda teve que criar os filhos sozinha, uma fase de muita mudança,  foi quando conquistou sua liberdade, como alega. Mas tudo isso é retratado de forma muito particular, mesmo em meio a tanto contratempo, sempre estava presente em suas falas, um grande apreço às relações familiares e tudo relatado com amorosidade.
Yaciara acreditava em superstições e crendices, “Jandira...Sete letras. Tudo para ela sempre teve sete, dá sorte.” (NARA, 1992, p.24). O número representa a perfeição e o sagrado, sete está presente na literatura, na filosofia. Além do número 7, presente no nome de Jandira, há o 13 que também aparece como um número simbólico.

Ela... Dormiu e sonhou com um quadro cor do céu, com mãozinha de criança de uns 2 anos. Uma voz dizia – Vinte dias, vinte dias ...Seria dia 13 de janeiro. Seria o que? Será a morte de mamãe? Que acha? Meu Deus será possível? Naquele natal Esmeralda chamou a filha e contou um sonho idêntico que tivera na noite anterior – vou Jacinto Jesus quer que eu vá... No dia  “13 de janeiro de 1978 Esmeralda foi encontrar Jacinto em sua morada verdadeira...” (NARA, 1992, p. 47- 48).

Estas são algumas interpretações que a autora, no seu ciclo de vida, vem enumerando e dando significado às ações e reações através de números e datas, estimulando o leitor a pesquisar e perceber as vibrações numéricas, que ligam a força da numerologia, movimentando, consequentemente, as vibrações das forças da sua evolução espiritual.  
Um dos conceitos da mediunidade é o contato com as almas que viveram na terra, mas foi só a partir do século XIX que começou a ser estudado na amplitude científica. Segundo Elcio Luiz (2011), todos já nascem com a mediunidade seja de um grau ou em outro, o nível mais comum é conhecido como intuição, que com o passar do tempo, pode ser desenvolvida através de estudos e disciplinas da doutrina espiritualista.
São perceptíveis essas características da mediunidade em várias partes do livro, como pode ser observado no trecho que segue: “Bem à frente de Jandira, estavam Esmeralda e a sogra de Maria, ambas idosa e um pouco doentes. Quando Jandira terminou a prece e abriu os olhos, viu as duas senhoras dentro de caixões. A sogra de Maria, distinta senhora estava com ares de desencarnada”. (NARA, 1992, p. 44). Como se nota, os aspectos da religiosidade e da espiritualidade cerceia a obra de Yaciara e exercem grande influência em seu modo de interpretar o mundo e nos acontecimentos de sua vida.
Portanto, permeiam em sua obra elementos ligados ao espiritismo, às crendices, às tradições religiosas católicas, além de associações à numerologia. Todas essas representações fazem de sua obra rica em descrições, em focalizações diferentes para diversos assuntos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considero finalmente, com os estudos sobre o universo feminino e das repressões que as mulheres sofreram ao longo do tempo, que se iniciou o entendimento de como ocorreu a ascensão delas e como se inseriram no mercado de trabalho e na literatura brasileira e goiana.
Acredito que o trabalho supriu um desejo que a muito tempo busquei: discorrer sobre uma escritora de minha admiração por possuir uma característica peculiar em sua obra, a simplicidade.
Busquei retratar uma escritora goiana que ainda estivesse viva, por me aproximar de minha cidade. O trabalho faz-se importante para o estado, pois não tive conhecimento de outra pesquisa com esse fim. Dessa forma, a pesquisa configura-se como uma análise de parte do universo literário feminino por um olhar masculino.
O trabalho é o início de uma investigação que pode servir como fonte para futuras pesquisas no âmbito da literatura goiana que, a meu entender, necessita de ampliação e estudo aprofundado, o trabalho escrito foi só a primeira etapa de um processo que será finalizado na segunda etapa, em que pretendo produzir um documentário intitulado A menina mulher das Brumas do Tempo, buscando mostrar via imagem os aspectos relevantes da obra da escritora para melhor conhecimento para os leitores que tiverem interesse.
A pesquisa aborda alguns filósofos e escritores como: Nísia Floresta, Mendonça Teles, Herbert Marder, Maria das Graças Belov, Yaciara Nara, que tiveram influência no trabalho, eles serviram de suporte para a revisão literária e para complementar as ideias apresentadas. Muitos vídeos foram visualizados e muitos artigos lidos, dias e noites moldando o trabalho, no intuito de entender, porque o homem provocou toda essa desavença na história.
Enfim, no entendimento que a arte pode aproximar a obra de seu apreciador e apontar vários ângulos de visão sobre um mesmo fenômeno, e a arte, na sua estética e comunicação, pode imprimir importância na sociedade como importante meio de identificação cultural, pois retrata como ela vive e relaciona. Na obra de Yaciara Nara, o real e o ficcional misturam-se e nos remetem a certos acontecimentos e comportamentos de determinada época e cultura.

Family, woman and religiosity in Brumas do Tempo by Yaciara Nara
Abstract: The present work is a study about the artist and craftsman Dirce Leite, known as Yaciara Nara, trying to figure out the feminine and its representation in her works specially in Brumas do Tempo. It was studied aspects of Goiana Literature and its contribution in the creative process by the writer. In this way, the search is directed to verify some records and interviews with the writer and other goianos writers. They were pointed and evaluated literary elements of Art and also were observed issues of familiarity, femininity and religiosity. For last, it was done the considerations about some relevant points in the Brumas do Tempo. For those purposes, they were requested theories as Nísia Floresta, Mendonça Teles, Herbert Marder, Maria das Graças Belov, Yaciara Nara.

Keywords: Woman, Family, Goiana Literature, Religiosity.

REFERÊNCIAS

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BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte. São Paulo: Ática, 8ª impressão, 2008.

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FOTOS (anexos):

NARA, Yaciara. Yaciara nasceu na zona rural de Anápolis-GO, 1934 disponível em: https://www.facebook.com/YaciaraNara/photos/exp.276523575822662.unitary/277274539080899/?type=1&theater, acessado em 15/10/14

NARA, Yaciara. Casou-se com Donato Ferreira, em Barretos-SP, 1955.disponível em: https://www.facebook.com/YaciaraNara/photos/a.276428179165535.1073741825.276177572523929/277466865728333/?type=1&theater, acessado em 15/10/14


NARA, Yaciara. Mudou-se de Barretos para Goiânia.1958 disponível em: https://www.facebook.com/YaciaraNara/photos/a.277264662415220.1073741838.276177572523929/277264675748552/?type=1&theater, acessado em 15/10/14

NARA, Yaciara. mudou  com a  família para o Bairro Feliz, onde reside até os dias atuais, 1968 disponível  em: https://www.facebook.com/YaciaraNara/photos/a.277508709057482.1073741847.276177572523929/277510242390662/?type=1&theater, acessado em 15/10/14

NARA, Yaciara. Na rua que leva o nome do se avô. Delfinópolis-MG, 1986 disponível em: https://www.facebook.com/YaciaraNara/photos/a.278894575585562.1073741853.276177572523929/278900435584976/?type=1&theater, acessado em 15/10/14

PEREIRA, Anselmo. Ofício do vereador Anselmo para receber a homenagem da câmara. Eo diploma em homenagem ao pionerismo na sua área de atuação profissional nos 80 anos da cidade de Goiânia. 2013 disponível em: https://www.facebook.com/YaciaraNara/photos/ms.c.eJwlycENACAMA7GNUJNrge6~;GAKelomtCrm6IWPwnDSeM~;0trfumDuJsCXg~-.bps.a.307744122700607/308150439326642/?type=1&theater acessado em  15/10/14

RAMOS, Anatole. A escritora recebendo o escritor. Disponível em: http://www.jornalopcao.com.br/colunas/imprensa/anatole-ramos-o-1-editor-do-jornal-opcao
Acessado em 15/10/14

SANTANA, Marcos da Silva. PAGE: Yaciara Nara. A menina mulher das brumas do tempo, Rádio e tv Fora da Lei 2013. disponível em: https://www.facebook.com/109609175897164/photos/pb.109609175897164.-2207520000.1419274709./186793668178714/?type=1&theater e https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10152488505069187&set=a.10152488497379187.1073741997.634499186&type=1&theate, acessado em 15/10/14

  
ANEXOS

Yaciara Nara um exemplo de mulher – vida e arte

Yaciara Nara é o pseudônimo de Dirce Leite Ferreira, cuja naturalidade é de Anápolis, interior do Estado de Goiás, nascida no dia 4 de outubro de 1934. Seus pais, Osvaldo Leite e Maria Augusta Leite Lemos, juntamente com toda a família, mudaram-se para Uberaba, Minas gerais e, subseqüente para  Barretos, São Paulo.
Com mais quatros irmãos, José Leite, Zeferino Leite, Jerônimo Leite e Aparecida Leite, ainda quando criança, ficaram órfãos de pai.
Yaciara tornou-se escritora e artesã. Como artesã o primeiro trabalho foi realizado aos seus 7 anos, um par de chinelos de bucha vegetal, tecido e ponto Russo, à mão e sem nenhuma orientação ou ensinamento.
A partir daí, deu-se início a produção dos artesanatos, que foram aperfeiçoando-se ao longo dos anos, até se tornar referência na grande capital goiana, através da confecção de produtos variados, como bolsas de palha, bordados, doces artísticos, casinhas de porcelana fria, colagem, casinhas ecológicas com reciclagem de material do cerrado, (sementes, areia, cristal, pedras, papiro do cerrado, pauzinhos secos, musgos e etc.), pintura em telhas e quadrinhos com fibra de coqueiro.  
Yaciara é uma artista nata, e, além do artesanato, gosta de cantar. As primeiras aparições foram quando tinha dez anos, na Rádio P.R 1.8 de Barretos, São Paulo.
Em Barretos casou-se com Donato Ferreira (1955) e teve sua primeira filha Conceição Aparecida. Em 1958 se mudaram para Goiânia, onde tiveram mais dois filhos Miguel Carlos e Maria Helena.
Ao longo de sua vida participou de várias exposições e feiras artesanais, galgando alguns postos, tais quais:
- Sócia fundadora da Associação Lavourartes, tendo o poeta Geraldo Pereira como seu criador e Presidente.
- Oficineira da 3ª idade e fundadora do grupo Solidaridade Melphos.
- Ex-presidente da Colméia da Amizade, órgão filantrópico das esposas e filhas de Maçons, com filiais em Anápolis, Uirinópolis, Inhumas e outros. 
- Pertence à União Brasileira de Escritores de Goiás e ao Clube Literário de Brasília. Recebeu diploma de Honra ao Mérito Rádio Clube de Goiânia e Academia Internacional de Letras do Rio de Janeiro.
Yaciara casou-se em Barretos, com Donato Ferreira (1955) e teve sua primeira filha Conceição Aparecida. Em 1958 se mudaram para a jovem e promissora capital de Goiás. Em Goiânia tiveram mais dois filhos Miguel Carlos e Maria Helena.
Yaciara teve um casamento feliz, até certo tempo, quando começou a ver a mudança de seu marido, seu afastamento da família até chegar à separação. Foi uma fase difícil, sofrida que resultou na sua descoberta pela escrita. Foi a dor da perda do seu amado a fonte de inspiração para as primeiras palavras. Em uma entrevista Yaciara fala de quando começou a escrever: "Foi às 3 horas da madrugada do dia 17 de março de 1981, numa chácara nas redondezas de Goiânia, em que me encontrava para me refugiar da crise conjugal. Foi um dia inesquecível”.
Nesta mesma oportunidade, Yaciara tem a certeza dos seus dons sobrenaturais, quando através de um sonho viu uma portuguesa à beira de um riacho com um balaio de onde saíam pontas de roupas coloridas. A portuguesa, uma moça jovem recitou: "Caí com o balaio / Quebrei o tamanco / Mas continuei / Vestida de branco".
No sonho Yaciara e a portuguesa conversaram, a portuguesa se apresentou dizendo ser um espírito desencarnado cujo nome era Maria de Souza Alves e que morava em Algarve. Assim, a escritora passou a escrever os versos que ouvia enquanto dormia. (São os primeiros indícios da mediunidade e do espiritismo na vida de Yaciara). Com o passar do tempo a escritora passa a narrar sua própria história, as vivências em família, apontando seu modo de viver, sua cultura, suas experiências. Os personagens se materializam através de pessoas que Yaciara conviveu.
A escritora apesar de não ter tido uma escola literária, é escritora da literatura de cordel e de outros ramos da literatura. Suas histórias, em grande parte, trazem em seu conteúdo manifestos espíritas, e parte renda arrecadada de algumas obras foi destinada ao fomento da construção do templo espírita Yucatã do Amanhecer, em Teresópolis Goiás. Yaciara tem como base a intuição e a crença espírita para produzir suas obras, pois, sua vida é repleta de manifestações espiritualistas. A literatura na vida da referida autora representa, sobretudo, superação. Pois, foi na escrita que encontrou forças para crescer com a oportunidade que a vida lhe oferecia. Hoje, é escritora e artesã, com mais de dez publicações. (NARA, 1992, p. 07-08)


Capa do livro pesquisado



Filha de Osvaldo Leite e Maria Augusta leite Lemos, Yaciara nasceu na zona rural de Anápolis-GO.




altura 9,92cm-largura 13,23cm


Em 1955, Yaciara casou-se com Donato Ferreira, em Barretos-SP.
7,14 de largura-6,64 de altura



Em 1958 Yaciara Nara, mudou-se de Barretos para Goiânia.
 
altura 4,9cm -  largura 7,2cm

Em 1968, mudou com a família para o Bairro Feliz, onde reside até os dias atuais.

altura 9,79 cm- largura 14,48 cm



Yaciara em Delfinópols-MG, na rua que leva o nome de seu avô.

altura 7,98cm - 11,11 largura

Filmagem 1e 2 documentário curta-metragem, direção: Marcos Marrom
A menina mulher das Brumas do Tempo2014

foto 1 altura 6,62 - largura 11,76/ foto 2 altura 6,62 largura 6,68



Ofício do Vereador Anselmo convidando para receber a homenagem da Câmara.
E o diploma em homenagem ao pioneirismo na sua área de atuação profissional nos 80 anos da cidade de Goiânia, 2013.


                           altura 8,12cm- largura 6,91 cm                            altura 8,12 cm - largura 6,63 cm

















A escritora recebendo o escritor Anatole Ramos

altura 8,93cm - largura 6,69cm






[1] Graduado em Letras pela Faculdade Alfredo Nasser sob orientação da Profa. Ms. Meire Lisboa

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